O FIM!

O FIM!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Bye, bye PP


Eles revolucionaram a música mundial. Compuseram um marco difícil de ser superado em muitas dimensões e direções, mais do que isso, foram um verdadeiro e singular fenômeno nos anos sessenta. Os tempos eram de histeria, da procura de novos símbolos e significações. Depois da “beatlemania” o mundo nunca mais foi o mesmo. O brilho dos Beatles foi a prova viva de que Nietzsche estava certo ao afirmar que a vida sem música era um erro. Para muitos, a “maior banda de rock” de todos os tempos foi um paradigma imbatível e insuperável, uma bússola, o termômetro de uma geração, o passado que ainda ilumina o presente.
A personalidade e o pensamento crítico-reflexivo de John Lennon, a musicalidade criativa de Paul McCartney, os bons arranjos de guitarra do também compositor George Harrison e o ritmo firme e a alegria contagiante de Ringo Star deixaram, de fato, muita saudade. Pois é, quem diria que poderíamos viver sem a lucidez dos Beatles?
Eles revolucionaram uma época de muitas transformações e reivindicações, souberam conciliar a condecoração junto à Rainha da Inglaterra com a exótica visita à Índia e, apesar de tudo, tiveram muito mais encontros do que desencontros. Assim é a vida, cheia de mistérios, de certezas e, principalmente incertezas.
Quem nos dera que na vida tivéssemos apenas o caminho a seguir, mas não, temos também os caminhos a evitar, os obstáculos para saltar e muitas vezes, ter que retornar ao ponto de partida. Não vivemos a efervescência dos anos sessenta, o “across de universe”, as canções que falavam de amor, de romantismo adolescente, as letras triviais que embalaram os devaneios de uma geração que iria conviver com a guerra do Vietnã, da busca pelos direitos civis, de Luther King, da revolução cultural chinesa, dos progressos espaciais russos, e de tanta coisa mais, algo bem propício para que se pensasse em “help”.
Help! Mas gritar para quem, quando na volta só tem surdos? E quem não é surdo é cego, e quem não é cego é mudo. Tentaram nos cegar, nos ensurdecer, apenas tentaram, jamais conseguiram. Nossas vozes não foram ouvidas, mas não deixamos de gritar, questionar, então, só nos restou um caminho a seguir.
As partidas são sempre tristes, pois sempre deixamos algo para trás, mas apesar da tristeza, a vida deve nos reservar algo melhor. As dificuldades nos ensinaram a enfrentar a vida com coragem, superar dificuldades sem medo, apanhar, colher, encontrar, conquistar, aprender sempre a melhorar.

Nosso engajamento foi visto como uma atitude rebelde. Positivamente, jamais fomos transgressores, apenas um “bando” que estava inovando conceitos, direcionando talentos para encantar e hipnotizar mais de 160 crianças e adolescentes, ensinando-os a atravessar a “hard days night” pela “faixa de segurança”, não da Abbey Road, mas da vida. O nosso projeto ia além da fantasia infantil do “yellow submarine”... and “the magical mistery tour”. Queríamos formar cidadãos empregando o método escoteiro. Esse era o objetivo do Projeto Botinho.
“Hey Jude”... Saiba esperar o calor da hora da chegada do sol para ver que dará tudo certo, “he comes the sun”. Deixamos a nossa mensagem, pois aprendemos que a sabedoria de saber que tudo pode ser transformado, modificado, a depender da forma como enxergamos as coisas, do prisma, desafio de paralaxe. Perseverança acima de tudo. “Don’t let me down”.
Escrevemos a nossa história, demos cor a vida de quem só enxergava o cinza, devolvemos a sensibilidade a quem queria muito mais do que “a day in the life” (“i saw a film today, oh boy..the english army had just won the war..a crowd of people turn away, but i just had to look”. Nossa tropa não se contentava com o que tinha, aspirava mais, talvez mudar e revolucionar o mundo (“you said you want a revolution... well you know, we all want to change the world...you tell me that it’s evolution... well, you know, we all want to change the world...
Fomos PP, hoje somos CN, mas jamais esqueceremos que foi lá que aprendemos a amar, amar o mar mais do que tudo, “it’s a love that last forever, it's a love that has no past” (é um amor que dura para sempre, um amor que não tem passado).
Os Beatles se foram, mas o legado do quarteto continua transcendendo, teimosamente embalando e oxigenando os anseios das novas gerações. Esperamos que os nossos também, possam transcender algumas gerações.


”Hey jude, don’t make it bad, take a sad song and make it better, remember, to let her into your heart, then you can start to make it better… Hey jude, don’t be afraid, you were made to go out and get her.”

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